Cultura: Com Mr. Mercedes, Stephen King deixou um pouco o bizarro para trás

02.042016  17:11

Por Landim Neto* Quem viu pelo cinema "Um sonho de liberdade" certamente no mínimo se encantou com a performance de Andy Dufresne, banqueiro condenado injustamente à prisão perpétua em presídio de segurança máxima. A película, de 1994, tem direção de Frank Darabont e traz no elenco Tim Robbins e Morgan Freeeman.

Após mais de duas décadas recolhido, Dufresne consegue fugir de forma espetacular pela tubulação que levava toda a bosta do presídio à área externa. O herói foi interpretado por Tim Robbins e o filme é baseado na novela "Rita Hayworth and Shawshank Redemption", do célebre escritor norteamericano Stephen King.

O mestre Stephen King, no entanto, não se especializou em inspirar personagens brilhantes para dramas no cinema. Criador de figuras, pode-se dizer, bizarras, como bonecos vingativos, máquinas assassinas e cachorros e outros bichos endemoniados, o mestre King é seguramente o cara dos contos de horror fantástico. 

Seus livros, dentre os quais, Carrie, Cão Raivoso e Christine já venderam mais de 300 milhões de cópias. Sua obra não só encanta mas também arrepia desde adolescentes fascinados por jogos eletrônicos até sessentões em busca da mais pura adrenalina que mesmo a ficção pode proporcionar.

Sua mais recente publicação no Brasil é Mr. Mercedes, lançado originalmente em 2014 nos EUA. Como de regra, horror, desta vez via atropelamento criminoso de várias pessoas que passavam a madrugada numa fila de emprego.

Em oposição a Chistine, o automóvel assassino, contudo, em Mr. Mercedes há um motorista que, à moda de extremistas islâmicos, assume a autoria dos crimes e promete que continuará a matar. É aí que entra o detetive Bill Hodges, personagem inédito em King, embora sua obra seja permeada por tramas do mais puro suspense e mistério, na qual há tempos caberia quase que obrigatoriamente a contratação de um.

Criativo, King desenhou Hodges como um detetive incomum às avessas. Sem tiques de gente esquisita ou neuras familiares, traços tão recorrentes em personagens dessa natureza, Hodges é tão somente um homem comum que busca fazer direito o seu trabalho. E é isto o que o torna incomum enquanto detetive quando sai na captura de Mr. Mercedes.

Embora não traga o elemento "mistério" - pois o assassino desde logo é conhecido de todos -, Mr. Mercedes é de uma narrativa tensa, cativante, apesar da prolixidade tão banal em Stephen King. E o novato Bill Hodges é o chama dessa história. 

O mestre do terror, com Hodges, deixou um pouco o bizarro para trás. Mas continua bem em forma.

O livro pode ser encontrado em todo o país ao preço médio de R$ 100,00.

*Landim Neto colabora com o Mídia Popular

 

 

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